Sob minha nuvem negra particular...
Escuto o som atraente e não consigo deixar de estender o braço pela janela do quarto. A última chuva do meu verão parecia dançar uma bela canção entoada por uma brisa, iluminada pela Lua difusa entre os postes e janelas. Janelas fechadas. Demoro a decidir. Giro as chaves sem que ninguém acorde e cruzo as portas em direção à rua.
Corro pra alcançar cada gota que me inunde de alegria e dê vazão à minha dor. Não preciso de muito. Quase nada. Já precisei de mais. Bem mais. A brisa que me ritmava ajuda a espalhar por todo corpo a sensação de leveza. Não preciso de muito, mas preciso há muito. Percorro cada espaço daquilo que desejo cada vez mais conhecer melhor no pouco tempo que tenho. É disso que meu sono me priva? Que isso não me prive de meus sonhos.
Não fossem Lestes e Oestes, as últimas horas da madrugada não seriam diferentes das primeiras horas da noite. As horas mágicas de cores estupendas são prelúdios das esperas até a próxima chuva.
Medos? Não sei. Apesar de não estar sozinho, sou o único que está se molhando?? Acho que sim... Chego em casa e me enrolo em toalhas para me secar. Foi só a última chuva de um verão.
3 Comentários:
Um texto delicioso de ler do começo ao fim. Dá pra sentir cada gota pela fidelidade com que são descritas. Parabéns! Se vc se molha, sorte sua, mas não brigue com quem está de guarda-chuva. Já devem estar resfriados.
Ah! E como vc pode adivinhar que será a última chuva desse verão? vc ainda tem alguns dias pelo que sei... Fica bem!!!
Beijos!
Lu
chuva no segundo que entramos na anchieta...
tava muito necessitada daquela chuva... ainda tou...
ah, se chover hoje...!
Oi...
Nossa! gostei... lembrei da Clarice, é... vc tem a profundidade dela! infelizmente ultimamente ando tanto com os números que nem me lembro mais como é se molhar, se entregar aos próprios sentimentos, medos, felicidades...
E ando totalmente adormecida para a vida, sono alucinante e falso... acho que eu não quero acordar e dar de cara com a realidade! antes tinha coragem, me molhava, sentia a profunda dor, onde depois conseguia encontrar a verdadeira felicidade... mas mesmo assim como doía!
Foi a última daquele verão, mas espero que venham muitas outras chuvas...
Obrigada, seu lindo texto me refletir... e até filosofar... ou melhor, falar algumas besteiras, ah, mas deixa pra lá!!
beijos...Liliane! :)
P.S: não sabia que vc tinha blog!!!
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