domingo, fevereiro 14, 2010

Por que o céu é azul?

A história, das revoluções às nossas vidas pessoais, é o modo como decidimos contar e significar a sequência de fatos ocorridos no passado na construção e justificativa de valores para o presente.

Antes que você, leitor, desista de ler este texto pela chatisse e abstração do parágrafo anterior, aviso que, apesar do começo amplo e conceitual, não vou tratar de teorias, sociedades ou especificamente do modo capitalista de produção nas palavras que se seguem.

Busco, apenas, compreender de que maneira é escrita uma história de amor sem vencedores. Preciso olhar pra trás conclusimamente no limiar para que isso se torne uma tragédia, daquelas bem gregas.

De que maneira foi que acabou o nosso amor? Para o bem do meu presente, minha história futura e de futuros amores, sou eu que decido como foi, agora. Mas vamos ao dilema...

Minha primeira opção é metafísica. Fomos feitos um para o outro. A alma de um pode completar o corpo do outro. A forma do amor poderia ser considerada a nossa quando perdíamo-nos entre nós mesmos. No entanto, essa forma não tem condições de subsistir no espaço-tempo em que nos encontramos. O tempo é diminuto e o espaço saturado. Essa equação impõe momentos históricos diferentes no mesmo caminho nos separando não pela morte do que sentimos senão pela impossibilidade de alimentar o que exige algo diferente do que a relação espaço-tempo pode nos oferecer.

Essa, que soa como minha alternativa preferida, me faz acreditar no amor, em tudo que fomos nós e na certeza de que a nossa luta legítima não é, de fato, para que fiquemos juntos, e, sim, para que transformemos o espaço em sua relação com o tempo. Dessa forma, outros grandes amores, quem sabe o nosso, tenham mais condições de se realizar sobre este mundo que temos.

A segunda opção coloca o amor em segundo plano. Não porque não foi isso que existiu entre nós, mas porque justamente aquilo que consideramos ser o maior sentimento de nossas vidas não passa de uma sensação incapaz de despertar ou manter no outro a mesma paixão. Trata-se apenas de algo que não se corresponde, apesar de toda pureza, entrega e dedicação experimentada por uma parte que seja.

É realmente uma pena que seja assim. Uma dor ainda maior que seja eu aquele que profere essas palavras e difundi esta dúvida. Isso diminui consideravelmente as chances de um romance épico. Além do mais, diante disso tudo, valores desejáveis numa relação, das mais simplórias que seja, ficam para trás. De que nos vale a honestidade, a fidelidade e a dor compartilhada se for pra ser assim? Ninguém deverá ser julgado por decisões tomadas depois de tantas e tantas experiências enganosas, nem mesmo em um improvável plano superior...

Cada decisão e cada novo amor que eu tiver, sofrerá as consequências dessa decisão que ainda não tomei em relação a nossa história. Preciso de ajuda. Ou pensar melhor...

[Someday we'll know - New Radicals]