Escuto o som atraente e não consigo deixar de estender o braço pela janela do quarto. A última chuva do meu verão parecia dançar uma bela canção entoada por uma brisa, iluminada pela Lua difusa entre os postes e janelas. Janelas fechadas. Demoro a decidir. Giro as chaves sem que ninguém acorde e cruzo as portas em direção à rua.
Corro pra alcançar cada gota que me inunde de alegria e dê vazão à minha dor. Não preciso de muito. Quase nada. Já precisei de mais. Bem mais. A brisa que me ritmava ajuda a espalhar por todo corpo a sensação de leveza. Não preciso de muito, mas preciso há muito. Percorro cada espaço daquilo que desejo cada vez mais conhecer melhor no pouco tempo que tenho. É disso que meu sono me priva? Que isso não me prive de meus sonhos.
Não fossem Lestes e Oestes, as últimas horas da madrugada não seriam diferentes das primeiras horas da noite. As horas mágicas de cores estupendas são prelúdios das esperas até a próxima chuva.
Medos? Não sei. Apesar de não estar sozinho, sou o único que está se molhando?? Acho que sim... Chego em casa e me enrolo em toalhas para me secar. Foi só a última chuva de um verão.